Tron - o legado, de Joseph Kosinski / Tron – Uma odisséia eletrônica, de Steven Lisberger

Por Pedro Fernandes



Não foi ontem que eu assisti Tron. Já tem é tempo que o filme saiu das grandes telas, ocupadas agora pelas produções para o Oscar 2011. Mas tive de esperar encontrar a versão anterior e vê-la para acabar de trazer para cá as notas escritas para o filme de 2010.

Para quem não conhece, esse Tron é uma versão "avançada" de uma edição de 1982, ou uma versão "continuada" desta. É verdade que nesse intervalo de tempo (1982-2010) as coisas pelo mundo cibernético avançaram e muito. Chamado por aqui de Tron – Uma odisséia eletrônica, o filme de 1982 é de um período em que o mundo dos programas de computadores estava ainda em embrionagem se compararmos com o que temos hoje. 

A narrativa desse primeiro Tron resume-se à história de Kevin Flynn, um engenheiro de softwares e criador dos melhores projetos para a empresa onde trabalha; Ed Dillinger rouba-lhes as ideias e ganha o cargo principal, demitindo Flynn. Flynn, não tendo mais oportunidades de trabalho, resolve investir em um Arcade. Kevin tenta acessar o computador da empresa para encontrar provas de que os projetos foram criados por ele porém, Alan Bradley  revela que criou um programa - "Tron" - para protejer o PCM (Programa de Controle Mestre) que guarda os arquivos da empresa. Com a ajuda da namorada de Alan, a Dra. Lora Baines, Kevin, Alan e Lora entram no mundo digital dos computadores da empresa e começam uma jornada. Está fundado o mundo virtual que domina toda a segunda versão de Tron - o legado. Mundo em que os programas têm a aparência física de seus criadores. Aquilo que era um cenário futurista dos anos 80, se converte em sofisticados espaços virtuais no cenário dos anos 00. O fato é que a realidade ficcional dessa versão atual do Tron não distancia-se muito da realidade empírica que vivemos.

A versão de Joseph Kosinski se dá a partir do desaparecimento de Kevin Flynn. Assume a busca, o seu filho Sam Flynn, também um gênio dos computadores como pai; daí tudo se dá como na versão de 82; Sam acaba entrando no mundo digital de computadores, onde seu pai vinha trabalhando e foi mantido preso por um programa criado por ele mesmo. Juntos Sam e Flynn tentarão acabar com a ameaça virtual e voltar para o mundo real.

Alinhando os enredos, é verdade que o enredo da primeira versão é muito mais sofisticado. O motivo, é evidente. Primeiro, o contexto de produção da película de Steven Lisberger é aquele da efervescência do mundo virtual. Segundo o sabor da intriga estava muito mais para uma questão de disputa pessoal do que um simples jogo entre bem e mal. A versão atual, ganha, é lógico, nos efeitos especiais. Nisso, mostramos que também evoluímos e muito tecnologicamente no cinema. Entretanto, tais evoluções valem mesmo a pena? O fato comprova ainda que o primeiro Tron é um filme único e, diferente do atual, excelente. O motivo? O primeiro Tron é de uma época em que poucos conseguiam ser tão originais e ousados quando o assunto era ficção científica. Já este de 2010... Bem, este é outra história.


Comentários

Anônimo disse…
Não vi o primeiro filme, mas entendo que ele deve ter atingido um patamar único, exibindo algo futurístico em 1982. Nos 2000, todos já estamos mais do que acostumados com cenários assim e com a ideia de uma era cada vez mais tecnológica. De qualquer forma, o Tron de 2010 é um bom filme, na minha opinião, claro. É puro entretenimento: bem versus mal, um herói destemido, cenas de luta e a sequência com as motos. Talvez ele não tenha significados maiores, mas garante a diversão.

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