Um novo livro em torno de Pessoa

Por Pedro Fernandes



Quisera eu puder dar contas de todo o itinerário posto em torno da figura de escritores como Fernando Pessoa. Verdade é que, não damos conta (no sentido de acompanhar ou esgotar leituras) nem do escritor mais simples quanto mais de um da envergadura de um Pessoa. A obra talvez contornemos, mas o que dela se diz, é tarefa de Sísifo. A biblioteca em torno do poeta português que se multiplicou em vários é uma biblioteca infinita. 

Mas, algumas novidades que vão surgindo em torno do nome, não se pode fugir à regra da divulgação. Divulgação com o desejo de alcançar algum trocado para conseguir incorporar o livro nas nossas bibliotecas particulares. É o caso agora.   

No momento em que são publicados inéditos do poeta em Portugal, chega ao Brasil, pela Companhia das Letras, uma Fotobiografia de Fernando Pessoa organizada por Joaquim Vieira e Richard Zenith. É dele a tarefa de colocar alguma ordem no interminável acervo pessoano; e é dele também o texto dessa fotobiografia e a idealização desse projeto. Um apontamento para uma nova biografia?

A edição reúne mais de 400 imagens, incluindo fotos, desenhos, caricaturas, reprodução de cartas, trechos de diários, rascunhos, manuscritos e datiloscritos, reproduções de jornais e revistas em que publicou, além de obras de arte feitas em homenagem a Pessoa. 

Fernando Pessoa em três momentos (clique sobre a imagem para ampliar)


A modo da última biografia lançada sobre o poeta português, essa fotobiografia especula miudezas da sua vida pessoal, tais como o único relacionamento afetivo mantido por ele, o namoro epistolar de um ano com Ofélia Queirós.

O que parece ser destaque nesse itinerário da vida do escritor são os detalhes apresentados acerca dos lugares onde o poeta morou e trabalhou. Despido de muitos apetrechos de uma só (famosa) arca, lugar onde guardava tudo, Pessoa foi nômade. Ainda aos sete anos foi com a família para Durban, na África do Sul e lá permaneceu até durante boa parte de sua adolescência. Zenith foi o encarregado de buscar informações desse período com o desafio de que nenhum dos edifícios de Durban em que Fernando Pessoa existe hoje.

Destaque também para algumas peças raras da sua obra, como o primeiro poema escrito na idade em que foi para a África, os manifestos publicados nos periódicos pelos quais passou, como O Palrador, de 1903, as cartas trocadas com Ofélia, manuscritos de poemas famosos e mapas astrais desenhados pelo poeta.

É ou não uma dessas pequenas jóias de tinta e papel? 


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