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Mostrando postagens de 2013

Os 10+ de 2013

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Por Pedro Fernandes Este instante é o mais o pessoal de todos os instantes que por aqui estou. O blog, em 2013, iniciou um processo de expansão, dada a grande visibilidade e ao aumento das responsabilidades, evidentemente, com este público que por aqui circula. Mesmo nas ocasiões em que providencio leituras sobre livros e filmes, por exemplo, busco sempre ocupar um lugar crítico que embora possa em alguma passagem se confundir com o lugar pessoal, não é necessariamente uma posição de igual natureza. Do mesmo modo quando estou destilando minhas opiniões sobre determinada questão; nesse caso, em específico, mesmo que haja um lugar do pessoal a se intrometer, é a posição crítica que busca se estabelecer sobre ela. Como no dia 31 de dezembro de 2012 disse que aquele ano havia sido um ano intenso, volto a esse mesmo dito para redizê-lo de igual maneira. A correria para as apresentações de Retratos para a construção do feminino na prosa de José Saramago – meu livro – que resumo aqui c

Boletim Letras 360 #45

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A vergonha nacional exposta. No dia posterior as celebrações do Natal de 2013, mais um ato de vandalismo ao monumento mais visado do Brasil: a estátua de Carlos Drummond, em Copacabana, Rio de Janeiro, foi pichada por casal já identificado como "empresários" de Minas Gerais. O último de 2013. Está mais magro do que o costume. Compensa-se. Dizem por aí que ainda mal nos recuperamos da gordura e já estamos abrindo espaço para a engorda do Ano Novo... Estamos desejosos de que o ano que segue será assim, gordo de coisas boas, sobretudo, de boas leituras. Enquanto isso, vamos saber o que foi notícia ainda neste restinho de ano ocupado com listas e mais listas disso e daquilo. Continuamos a fazer as nossas que serão postadas aqui no dia 31. Fora isso, lista só a das melhores postagens, que estamos a percorrer desde o início da semana até meados de janeiro. Isso no Facebook. É só acompanhar a hastag   #RetroDoLetras2013 . E uma vez falarmos sobre nossa página no Faceboo

Um diário inédito de Alejo Carpentier é publicado em Cuba

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Alejo Carpentier era um homem meticuloso e capaz de acumular uma prodigiosa informação enciclopédica que logo levava para sua obra. O romancista e musicólogo cubano anotava tudo o que via, ouvia e lhe chegava através de sua cosmopolita vida, estivesse em Paris, Caracas ou Havana. De fato, vários estudos sobre sua obra narrativa têm apontado esse rigor documental que logo se transformava em estilo artístico. Faltavam os diários publicados agora pela Fundação Alejo Carpentier que revelam suas angústias e preocupações durante o processo de criação literária. Um encontro que permite assistir a parte do traço criativo de obras como O século das luzes , Os passos perdidos , A perseguição e O caminho de Santiago ­ – este último ainda sem tradução no Brasil. Também se sabe que Carpentier estava organizando parte de sua correspondência cronologicamente com a ideia de publicá-la em forma de diário epistolar, empenho que deixou em suspenso devido sua morte. Esta edição agora publica

Todos nós adorávamos caubóis, de Carol Bensimon

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Por Pedro Fernandes “Todas as ótimas ideias já pareceram más ideias em algum momento.” A afirmativa é da narradora de Todos nós adorávamos caubóis , o mais recente livro da escritora gaúcha Carol Bensimon que há dois anos publicou uma antologia de contos – Pó de parede – e um ano depois seu primeiro romance, Sinuca embaixo d’água . O primeiro título, que foi decerto, o de revelação da autora, tem um rico ensaio de escrita que reinaugura promessas no segundo e rui, que não seja em definitivo, nesta terceira tentativa. Se o título nos sugere uma ótima ideia, a sugestão é desfeita não em algum momento, mas em toda tentativa de romance; uma ótima ideia, repito, mas que aponta para uma má ideia (afinal, o que sugere um termo como este Todos adorávamos caubóis ?) e finda, se confirmando como tal: um texto com faro comercial e que pouco se aventura esteticamente, pedindo a todo instante uma fuga desse status medíocre e mais um tempo de maturação. De modo que, são necessári

Boletim Letras 360º #44

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Os Fitzgerald já no clima de Natal. O nosso primeiro boletim de Natal; era para ser a imagem que ilustra um Papai Noel leitor. Mas, não vamos muito com a cara de certos valores capitais, portanto, um Papai Noel, ainda que leitor é figura para segundo plano. Era para ser ainda uma imagem com o feito inédito da design Charlene Matthews que gravou todo o Ulysses , de James Joyce em troncos de madeira. Mas, unindo a data ao pretexto do blog, e ainda mais porque hoje assinala a passagem dos 73 anos da morte do escritor F. Scott Fitzgerald, imagem melhor não há para esse boletim se não a da família Fitzgerald em ritmo de Natal. E não só isso; vamos rever tradições. Siga nossa campanha no Facebook: “Neste Natal, não dê meias, dê livros de presente!” Lembrem-se, lembrem-se disso: eles, os livros, rendem mais, ah, muito mais, que as meias! Veja nosso banner e partilhe essa ideia . * Este boletim também anuncia nossa tradicional quebra de ritmo até meados de Janeiro, quando tu

A solidão imortal do vampiro (Final)

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Por Márcio de Lima Dantas Lua nova: Louis, o encontro consigo mesmo ou as sóbrias alvíssaras do zen Sempre reclamando da vida me ferindo, me queimando Rita Lee Não esquecer que Louis de Point Du Lac (Brad Pitt), vampiro com 200 anos de idade, cedo compreendeu que para se desvencilhar da solidão, quer dizer, aplacá-la, teria que de alguma maneira desumanizar-se, sendo que o espelho dessa coisificação é o seu companheiro Lestat, resumo de tudo o que ele julga como odioso, cínico e contrário a si. Companheiro-inimigo capaz de mangar o tempo inteiro dos seus conflitos íntimos, sem a mínima compreensão ou piedade, não perde uma oportunidade de passar na cara as fragilidades do amigo, proclamando frases ácidas com o intuito de ferir o outro: “Vampiro lamurioso e covarde”; “Meu filósofo, meu mártir”. Esse comportamento destrutivo para com quem se ama, nos leva a supor o quão sacana é Lestat, pois se vale de uma ética perversa, contempladora do amor como sentimento dúb

Tatuagem, de Hilton Lacerda

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É preciso dizer antes de tudo que Tatuagem é a grande surpresa de 2013. Não que o diretor Hilton Lacerda não seja peça de se fiar; ele mesmo já realizou outras três produções tão boas quanto essa – Baile perfumado , Amarelo manga , Febre de rato . Mas, e muita gente há de concordar comigo, o filme que tem sido o mais premiado do ano, com suas peculiaridades e aposta na inovação, alcança uma singularidade na produção artística de Hilton. Mas, o que faz Tatuagem ser a grande surpresa está naquilo que antecede a sua visão: as leituras repetitivas da crítica dita conceituada, desmanchando-se em elogios à produção – e aqui é possível que também essas notas entrem nesse rol – não nos convencem; ao menos à primeira vista e principalmente se depois de ler qualquer uma delas formos ver o trailer, esse instrumento que não é apenas a sinopse da narrativa como tem a missão de capturar o telespectador para ver o filme. E há algumas situações que a sinopse ultrapassa o filme, ou quem nunc

Sobre o ser sozinho e sobre ler Clarice Lispector

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Por Rafael Kafka O aniversário de Clarice Lispector foi dia 10 de dezembro. Somente hoje consigo me sentar no computador para começar um texto sobre ela. Os motivos do atraso são dois: a falta de inspiração e a falta de tema. Por algum motivo desconhecido, ando sem ideias quentes para pôr no papel, fato esse que me preocupa demais, mesmo que dure apenas uns poucos dias. Para que o leitor tenha uma noção do problema, eu estava sem tema até agora há pouco. Tudo se resolveu somente quando uma frase veio a minha cabeça: “existem diversas vantagens em estar sozinho”. Todos os leitores atentos da obra de Clarice sabem que seus personagens são verdadeiros amantes da solidão. Por mais que ela os incomode, eles dedicam-se em seus muitos momentos sozinhos a sentir e a entender por meio de seus pensamentos fragmentados o que ocorre com eles e ao seu redor. Os romances de Clarice Lispector quebram a lógica narrativa descrita como romanesca por Walter Benjamin para explorarem ao máximo