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Mostrando postagens de novembro, 2014

Boletim Letras 360º #90

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Neal Cassady e Jack Kerouac. Ao acaso, como tem de ser, uma carta de Neal a Kerouac, tida com a precursora de On the road  e dada como perdida pelo relapso Allen Ginsberg, foi encontrada agora, 60 anos depois. Mais detalhes ao longo deste Boletim.  2015 parece estar com certa pressa para chegar. Sim, porque o mês de novembro correu num piscar de olhos. Para assinalar esse fim repentino de novembro, deixamos mais uma promoção daquelas que somente esse blog é capaz de fazer: depois de dois exemplares do romance O irmão alemão , de Chico Buarque,   teremos a honra de presentear um leitor com a recente luxuosa edição de Antologia poética , de Murilo Mendes , o poeta que   ganha uma repaginada na sua obra pelas mãos primorosas da Cosac Naify. Imperdível, não? Tanto quanto saber das notícias que marcaram a semana na página do Letras no Facebook.  Segunda-feira, 24/11 >>> Espanha: Novas buscas aos restos mortais de Federico García Lorca “Chamei Manolo Martínez Bue

Entendendo o universo feminino e a ditadura militar: resenha de "As meninas", de Lygia Fagundes Telles

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  Por Rafael Kafka A ditadura militar brasileira é um período histórico ainda muito marcado pelo mistério acerca dos fatos ocorridos nos poucos mais de vinte de anos de vigência. Crimes de tortura, corrupção, censura, exílios e uma série de outras coisas foram marca registrada de uma época da vida social no Brasil marcada pela constante agressão aos direitos humanos e ao direito de expressão e liberdade de ir e vir. Ainda assim, vemos no ano de 2014 uma série de manifestações repletas de discursos de ódio pedindo a volta de um poder comandado pelos militares para restaurar a paz social de nossa nação, que segundo uma pequena parcela de maus perdedores das últimas eleições ainda se encontra ameaçada pelo terror comunista. O que soa mais perturbador nisso tudo é ver pessoas como Jair Bolsonaro alegarem em nossa conturbada contemporaneidade que nada disso que se fala por aí realmente ocorreu na ditadura militar e que tudo não passa de mentiras de uma oposição composta de

Promoção O nome Murilo Mendes

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Conforme publicamos matéria no blog, este ano , a obra de Murilo Mendes passa por uma primorosa reedição pela Cosac Naify. O Letras sorteia entre amigos um exemplar da luxuosa antologia ora publicada. Trata-se de uma compilação inédita de poemas selecionados por Júlio Castañon Guimarães, da Fundação Casa de Rui Barbosa, no Rio de Janeiro, e Murilo Marcondes de Moura, professor de Literatura Brasileira na Universidade de São Paulo. A edição em capa dura traz, além dos poemas, um caderno com 18 imagens coloridas do autor mais um CD com gravações de 1955 em que Murilo Mendes lê oito de seus poemas.  Para participar leia atentamente o regulamento e veja o que necessário fazer: 1. Partilhar  essa imagem no modo público; 2. Inscrever-se na aba "Promoções"  aqui ; 3. Deixar um comentário  na postagem no Facebook  convidando três amigos para participar da promoção. O sorteio só é válido para amigos do Brasil. Será realizado através da ferramenta sorteie.me no próxi

Walt Whitman e suas "Folhas de relva"

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“Eu celebro o eu, num canto de mim mesmo, / E aquilo que eu presumir também presumirás”. E um novo mundo se abriu com esses versos de “Canção de mim mesmo”. 159 anos separam esse começo do livro Folhas de relva , que Walt Whitman terminará em 1892, depois de nove edições e um total acumulado de 389 poemas. Uma obra-mestra que no Brasil circula em pelo menos três versões diferentes. A obra que consagrou Whitman poeta indispensável a todo leitor, embora, tenha se exercitado noutras formas de escrita, como o famoso diário que levou consigo quando enfermeiro de campanha durante a Guerra Civil dos Estados Unidos. Trinta e três anos tardou Whitman em completar a “autobiografia de todo mundo”, como disse Gertrude Stein. Uma epopeia do estadunidense e da vida íntima, imaginada e pública, que se apresenta plena de realidade e premonição. Levou seus leitores ao reencontro de si mesmos. E se converteu num guia que abriria inusitadas e novas rotas literárias para poesia universal. A

Um inferno repleto de livros: O irmão alemão, de Chico Buarque

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Por Alfredo Monte Boa parte do impacto da leitura de O irmão alemão reside — a meu ver — menos no aproveitamento ficcional de uma contingência biográfica, a existência do meio-irmão do título (e seus desdobramentos na vida do narrador), e mais na exploração (física e simbólica) do espaço da biblioteca da família Hollander: “E quando não havia ninguém por perto, eu passava horas a andar de lado rente às estantes, sentia certo prazer em roçar a espinha de livro em livro. Também gostava de esfregar as bochechas nas lombadas de couro de uma coleção que, mais tarde, quando já me batiam no peito, identifiquei como os Sermões do Padre Antônio Vieira (...) Até os nove, dez, onze anos, até o nível da quarta ou quinta prateleira, durante toda a minha infância mantivesse essa ligação sensual com os livros.” Nessa casa tomada (“Até então, para mim, paredes eram feitas de livros, sem o seu suporto desabariam casas como a minha, que até no banheiro e na cozinha tinha estantes do te

Os mistérios de “Impressão, nascer do sol”, de Claude Monet

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Devia ser 7h35 da manhã e o vento soprava, débil, vindo do Leste. Era 13 de novembro de 1872; o dia havia amanhecido nublado no porto de Le Havre. Claude Monet abriu a janela de onde estava, no hotel de L’Amirauté, localizado sobre a grande doca dessa cidade da Alta Normandia, França. Não é totalmente certo se estava alojado no segundo ou no terceiro andar porque, anos mais tarde, os bombardeios da Segunda Guerra Mundial varreram o hotel e a cidade portuária; mas, ao que tudo indica, ele estava situado a uns onze metros de altura acima do nível do mar no momento em que se sentou frente à tela vazia. Ante seus olhos, trechos da zona portuária, as chaminés soltam fumaça, fumaça que se movimenta da esquerda para a direita, logo , vento do Leste. Uma pequena embarcação com dois pescadores a bordo cruza o horizonte, e a chamada entrada dos Transatlânticos está aberta; logo , a maré é alta. Monet se prepara, sem saber, a pintar uma obra que passará para a história. Todos esses

Montedor, de J. Rentes de Carvalho

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Por  Pedro Belo Clara Montedor é o romance de estreia de um dos autores portugueses, vivos, com obra mais difundida e condignamente reconhecida no que ao seu valor diz respeito. Aplaude-se, assim, a recente iniciativa da editora Quetzal, que propõe a redescoberta de um extenso trabalho digno de divulgação e leitura. Sobre o autor propriamente dito, nascido em Vila Nova de Gaia (distrito do Porto), conhece-se a sua vasta colaboração com diversos jornais, tanto nacionais como estrangeiros. A internacionalização do seu trabalho, quer jornalístico quer novelístico, deve-se em parte à saída (forçada) do autor de Portugal por motivos políticos, em pleno regime salazarista. Nessa incursão, fixou-se sucessivamente em cidades como São Paulo, Nova Iorque e Paris. Seria, contudo, em Amesterdão que gozaria de uma estadia mais prolongada, tendo mesmo leccionado nesse país. A sua relação com os locais foi deveras frutífera, levando-o não só à criação de nossos projectos literários (

Boletim Letras 360º #89

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Fernando Pessoa para a dança. Que projeto é esse? Mais novidades ao longo deste boletim Chegamos a mais um fim de semana; hora de recordar as linhas da existência da notícia que teimam   em existir. Devíamos , sim, termos disposto on-line a nova promoção do blog, mas, perdão, os afazeres foram tantos! Para a semana vindoura serão outros os dias. Estejam atentos! Segunda-feira, 17/11 >>> Portugal: As cartas de amor de Fernando Pessoa no teatro O texto teatral “As cartas ridículas do Sr. Fernando e os suspiros líricos da menina Ofélia” toma por base a correspondência entre o poeta português e Ofélia Queiroz. Encenado pela Companhia d e Teatro do Algarve em Portugal, a adaptação redescobre a faceta quase adolescente e pueril de uma relação que precisamente não se tem notícias de sua plena realização. Além das cartas de amor a adaptação se constitui de outros textos, de Pessoa e do encenador Paulo Moreira. Aqui, no   blog  comentamos sobre essa correspondência am