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Mostrando postagens de janeiro, 2015

Boletim Letras 360º #99

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Lewis Carroll, um pedófilo enrustido? A polêmica volta à tona depois de a BBC de Londres apresentar um documentário que revelaria novos indícios da grande questão em torno do autor de Alice no país das maravilhas . Mais detalhes ao longo deste Boletim. Foto: ABC Aqui chegamos a mais um fim de uma semana intensa. 2015 parece que traz consigo tantos grandes desafios quanto 2014; janeiro já tem demonstrado, em parte, o que pode estar reservado a nós. Muitas leituras. Também queremos muitos leitores. Bons leitores. E escritas. Escritas de excelência. Por isso, estamos trabalhando nas redes sociais uma campanha para que os bons leitores que produzem escritas de excelência nos envie seus textos, antes de ir bater à porta de qualquer outro blog ou portal literário. Queremos vê-los figurar entre as principais matérias editadas no Letras. Queremos ser com os leitores protagonistas de boas histórias. E, cf. dissemos no Boletim Letras 360º da semana anterior, não é nada difícil enviar se

Um estranho no lago, de Alain Guiraudie

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Trata-se de um título recente (2013) que não deverá se inscrever em qualquer lista menor de cinema cult, mas deve, certamente, servir a listas sobre a temática gay. Não que o filme de Alain Guiraudie se reduza a isso; olhando bem, a temática é apenas um adendo para se tratar sobre uma extensa diversidade de outros temas caros à comunidade humana na contemporaneidade. Alguns desses temas poderão ser mencionados no desenvolvimento desse texto que cumpre não o propósito de listá-los e discuti-los de maneira aprofundada. Sua demarcação visa, entre outras funções, justificar porque este é um filme que, numa lista maior de cinema cult pessoal, merecia estar presente. Como é comum da cinematografia francesa, se há algo que não há nas produções é certo malabarismo de efeitos para simplesmente fazer o que um filme deve fazer: contar uma história. Gostos à parte, mas já, entre a leva de títulos que comentei mesmo por aqui, falei da capacidade de sobra que os franceses têm de prod

21 poemas inéditos de Pablo Neruda

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Tus pies toco en la sombra y otros poemas inéditos (Teus pés toco na sombra e outros poemas inéditos, em tradução livre) é o título do último livro de Pablo Neruda, publicado agora, quarenta anos depois de sua morte. São 21 poemas publicados pela primeira vez. Essa informação já havíamos partilhado por aqui em 2014. Dos poemas não há rascunhos ou outras variantes e a fundação que leva o nome do prêmio Nobel diz que o trabalho é resultado de uma minuciosa catalogação entre os manuscritos do poeta. São textos escritos entre 1956 e 1973 e, portanto, contemporâneos aos recolhidos em obras como Cem sonetos de amor , Memorial de Isla Negra e A barcarola . Os poemas inéditos da edição trazem ainda fac-símile dos originais   (veja alguns no fim desta post).  Num texto publicado no El País e escrito por Jorge Edwards, responsável por com Matilde Urrutia organizar edições póstumas como O rio invisível, que traduzimos abaixo, ele é taxativo em não concordar com o trabalho ora publicado e diz

Merlin revive: nova edição da trilogia de Mary Stewart

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Por Alfredo Monte “Por terra e água voltará ao lar e ficará escondida numa pedra flutuante até ser erguida novamente pelo fogo. Assim tinham dito os antigos e teriam reconhecido aquele lugar como eu; ou como o pescador que voltara do Sobrenatural, admirado com os salões do rei das sombras. Ali a espada ficaria segura até a chegada do jovem que teria o direito de erguê-la (...) Larguei-a ainda enrolada no pano sobre a mesa de pedra e voltei pela lagoa. Os ecos encheram o ambiente e parei um pouco enquanto diminuíam, tornando-se um murmúrio. Naquele silêncio até minha respiração era ruidosa demais e parecia uma intrusão. Deixei a espada em sua longa espera silenciosa e voltei rapidamente à luz do dia...” (trecho de As colinas ocas ) A inglesa Mary Stewart, nascida em 1916, chegou bem perto dos cem anos, mas foi um dos muitos nomes importantes da literatura a falecer em 2014. Sua obra de maior prestígio, a Trilogia de Merlin, está sendo reeditada pelo selo Hunter Book

O concerto interior – evocações de um poeta, de António Osório (Parte I)

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Por Pedro Belo Clara O próprio autor esclarece, em antevisão: «O título devia ser “Breve Autobiografia”». E estamos, de facto, perante uma obra bastante próxima de tal género. No entanto, devido à compressão dos conteúdos, muitas vezes abordados sob o condicionamento das súmulas, questionamos se “autobiografia”, ainda que se diga “breve”, seria um justo epíteto. O autor, sensato, decidiu em bom momento colocar a hipótese de parte. Devido à corrente poética que atravessa o livro, poderíamos também pensar em algo como “antologia anotada”. Mas a prosa prevalece diante da poesia, e logo a sugestão perde sentido – «(...) a poesia procurou sempre tornar mais clara a minha vida, e a prosa revela a verdade dos versos e das pessoas invocadas». Marcando estas, as «pessoas invocadas», presença em dezenas de trabalhos anteriores, compreende-se a resenha que constitui cada capítulo deste livro. Pois, como admite Osório, as ditas «disseram já muito do que tinham a dizer». Não obst

Em busca de Miguel de Cervantes (II)

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Podemos estar há duas semanas de a equipe de investigadores encontrar os restos mortais de Miguel de Cervantes no convento de San Ildefonso das monjas Trinitárias de Madri. As esperanças de culminar com êxito as buscas se centram em novos dados recentemente encontrados. Em primeiro lugar, as sepulturas descobertas esta semana na cripta em número que ultrapassa a quantidade de espaços do gênero antes de iniciar as buscas: seis. Depois, a possível identidade desta câmara subterrânea com a igreja originária onde Cervantes foi sepultado em 1616; as tumbas descobertas podiam conter, mais que tudo, seus restos. Além disso, se não coincidir os resultados dessas pesquisas, cabe a possibilidade de que os restos mortais estejam numa outra posição da igreja: sob um espaço do templo erigido em 1673; é aí que se encontra o nicho de outras 36 criptas, três delas presumidamente vazias. Assim mesmo, os restos poderiam encontrar-se aos pés do altar da Imaculada, no chão do convento que

Boletim Letras 360º #98

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Mário de Andrade, o autor do ano 2015. Saiba mais sobre as iniciativas em torno do nome de um dos principais sujeitos da cena modernista brasileira.  Iniciamos esse boletim com duas novidades sobre  Letras in.verso e re.verso já partilhadas com nossos leitores numa das entradas para a página do o blog no Facebook: (1) teremos para breve a estreia de Alexandre Bonafim como novo colunista; (2) em 2014, o editor do blog esteve 10 dias em Lisboa - foi a viagem de lançamento da Revista de Estudos Saramaguianos - e trouxe na bagagem material de memória para um conjunto de textos que começa a ser publicado a partir de fevereiro com a chamada de "crônicas de Lisboa". Aproveitando essa ocasião em que colocamos em pauta o anúncio de mais conteúdo para o blog, nunca é demais lembrar que os leitores podem sempre enviar seus textos para nós; é um prazer publicá-los. Basta seguir nossas diretrizes . Segunda-feira, 19/01 >>> Portugal: Tecnologia em favor da Literat

O irmão alemão, de Chico Buarque

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Por Rafael Kafka Aos vinte e seis anos recentemente completos, peguei-me pela primeira vez ansioso em comprar um livro de um autor vivo que fora lançado havia pouco tempo. Confesso, não sei se por puritanismo literário ou para dar uma de hipster mesmo, que a maioria dos autores que leio estão mortos ou morreram em tempos próximos aos atuais, como Gabriel García Márquez. Na verdade, talvez eu não seja um hipster ou um puritano, mas alguém que aprendeu a gostar de ler pela leitura dos clássicos. Daí essa predileção pelos autores consagrados por um certo cânone. Mas devo confessar que, mesmo esse cânone, em certos momentos é desprezado por mim... Muitos autores que li há alguns anos não são mais lidos por mim hoje. De certa forma, a minha preferência por autores de tempos idos se justifica por esse meu aprendizado de gosto pela leitura tido de forma clandestina, saindo dos seios do analfabetismo e procurando refúgio nos livros de minha prima e depois nas bibliotecas e sebos, lo