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Mostrando postagens de janeiro 21, 2015

Samuel Beckett segue em pé

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Por Marcos Ordóñez Minha admiração por Samuel Beckett cresce a cada novo mergulho em seu mundo. Volto a lê-lo e penso num grande pássaro, com asas de albatroz e bico de gaivota sobrevoando todos os tópicos vertidos na sua obra. Beckett niilista? Já disse demasiadas vezes e sigo sem acreditar nisso. Penso melhor num Beckett realista, num Beckett combativo, num Beckett otimista. Sempre me chamou a atenção uma frase sua, escrita durante a Ocupação: “Prefiro viver numa França em luta que numa Irlanda neutra”. Beckett combativo: poucos sabem que militou na Resistência, por cujas ações (as de separada importância, qualificou-as de “coisas de jovem escoteiro”) obteve a Cruz de Guerra. O grande misantropo era também, ao dizer de quem o conheceu, um homem “infinitamente amável e bondoso”. Harold Pinter contava, comovido, uma história que viveu com ele no início dos anos 1960: em sua casa, à noite de seu primeiro encontro, Beckett se levantou e percorreu várias farmácias de Paris às c