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Mostrando postagens de março, 2012

poeminha antropofágico

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há dias que como você estou satisfeito * Acesse  o e-book  Palavras de pedra e cal  e leia outros poemas de Pedro Fernandes.

O grande livro sobre a Mona Lisa

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Leonardo Da Vinci começou a pintar a Mona Lisa em madeira 73cm x 73cm em 1503. Mona é abreviação de madonna . Lisa Gherardini, a Mona Lisa, nasceu em junho de 1479, e se casou com Francesco del Giocondo quando ela tinha ainda 16 anos e ele 19 a mais. Quando Da Vince a pintou já tinha seis filhos e um deles havia morrido.  O retrato entrou para a coleção do Museu do Louvre em 1797, quando o museu completava quatro anos de sua abertura. Napoleão a levou para uma temporada em seu dormitório. E, até meados de 1800, essa não era a obra mais famosa do pintor italiano e sim A última ceia - a mais reproduzida. A fama da Mona Lisa é uma criação romântica. A obra estava no lugar e no momento oportunos: a Paris do século XIX - um tempo burguês que se mirava no espelho de outro tempo burguês, o Renascimento. O suficiente para um tal de Théophile Gautier convertê-la em protótipo de mulher misteriosa. Em agosto de 1911, Vicenzo Perugia, antigo empregado do Louvre, roubou o quadr

A literatura e suas transmutações - "O corvo", de Poe

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Não são novidades nenhuma duas coisas: a abertura da literatura para o diálogo com outras artes e a recente quantidade significativa de adaptações de livros para o cinema. Seis dos nove indicados para o Oscar 2012 são adaptações literárias. O que não é comum dos textos adaptados aí é adaptação de poemas. A conclusão ou o porquê disso é óbvio: a narrativa já possui em si os mesmos elementos constituintes do cinema e aquilo que o cineasta deverá se preocupar em fazer é uma tradução de semioses. Mas, para breve chega aos cinemas a adaptação de um poema: O corvo, de Edgar Allan Poe. Não é a primeira, é verdade. A primeira versão para as telas desse poema foi em 1915, dirigida por Charles Brabin. Agora, a readaptação traz novamente Poe, como no de Brabin, vivido aqui pelo John Cusack, mas pelo que o trailer divulgado no início desse mês sugere, a transmutação do poema em trama é mais evidente. O filme de Brabin se dispunha muito mais a biografar o escritor norte-americano e o p

Poetar o amor

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Atalanta e Hipómenes  de Guino Reni Nesta semana dei-me, por obrigação interna de leitura, embrenhar-me na Odisseia – tarefa que, dizia ontem à noite a um amigo, não pensei nunca em enfrentar. Mas, deuteronomicamente, há tempo para tudo – e o tempo para ler mais um clássico chegou. Estou no instante em que Telêmaco é convencido à busca de Odisseu. Aqui chamo atenção para Atena, a que parece trazer consigo um amor pleno e adormecido pelo herói terreno. Isso vai se configurando à medida em que a deusa vai atuando com favorecimento às ações da grande empreitada do filho de Penélope. As conformações desse amor de Atena estão num campo da admiração loquaz. Mas, se configura aí em gestos uma expressão que virá ser lapidada ao longo da produção poética universal – expressão, aliás, que deve ser a mais cantada na poesia. Assume, inclusive, protocolos de poético, ainda que saibamos não ser a poesia algo reduzido a um tema em específico. Antes da relação de simpatia entre Atena

O fantasma do facilitismo

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Por Pedro Fernandes Num texto escrito pelo professor Marcos Bagno , o conhecido autor dos estudantes de Letras por obras como Preconceito linguístico  e a novela A língua de Eulália , sobre a atual situação dos cursos de Letras atualmente, ele denomina de catástrofe o nível dos alunos formandos e formados. Reitero. Não é de hoje que venho percebendo isso e nem sou o único que reconhece o problema. Apenas o fato de ter sido dito por que foi, alguém do porte do professor da UnB, é que reforça a visão que é já corriqueira entre os professores de graduação em Letras.  A primeira vez que assumi uma sala de aula no Ensino Superior foi no estágio para o Mestrado. Na época eu era bolsista CAPES e logo, quando do andamento das aulas notei a deficiência ou o esforço hercúleo que alguns alunos têm de fazer para conseguir imaginar aquilo que está sendo dito por quem está conduzindo a discussão, no caso aqui, o professor.  A fala de Bagno traduz ipsis literis  o que se passa no e

Antonio Tabucchi

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Este post não haveria se dois fatos não houvesse acontecido. Dois fatos distantes no espaço, mas em tempos muitos próximos. Uma vez se deu algo parecido quando eu redigira postagem para a coluna os escritores sobre o brasileiro Moacyr Scliar. Agora, era tarde de domingo, 25 de março, quando eu lia - experimentei então um sentimento de estranheza muito forte em relação a tudo: a tal ponto que já não sabia porque estava ali, qual o sentido da minha viagem, e que sentido tinha o que andava a fazer e o que eu próprio era. Daí, provavelmente, o meu livro. Em suma, um equívoco. Sou, evidentemente, dado ao equívoco. - um fragmento de Os voláteis do Beato Angélico do escritor italiano Antonio Tabucchi. No mesmo instante em que fechei o livro e fui espiar o Facebook, está postado um link dando contas da sua morte. *** Antonio Tabucchi foi autor de uma vasta obra premiada e adaptada algumas delas para o cinema. Foi professor de Língua e Literatura Portuguesa na Universidade

Pedro Nava

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Pedro Nava e a mulher, Antonieta Penido, Rio, 1980. Fonte: Revista Carta Capital Desde 2012, a obra de Pedro Nava ganha reedição pela Companhia das Letras. A renovação da obra só reitera uma coisa: a importância da sua literatura para o panorama da produção literária no Brasil. Nava figura, nos dizeres da crítica especializada, como o mais importante dos nossos memorialistas ou como já o designaram um Marcel Proust dos Trópicos. Dentre suas obras mais famosas estão Baú dos ossos (1972), Balão cativo (1973), Chão de ferro (1976), Beira-mar (1978) e Galo das trevas (1981). Todos esses títulos estarão muito próximos do leitor brasileiro. Natural de Juiz de Fora, companheiro, entre outros, de Afonso Arinos e Prudente de Moraes Neto no internato do Colégio Pedro II, Nava seguiu a carreira da medicina depois de findar o curso em 1927. Seguiu a carreira do pai, José Pedro da Silva Nava. Especializou-se em Reumatologia, e sempre usou a profissão (de maneira brincalhona, é claro

Saramago duas vezes mais para o cinema

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Jake Gyllenhaal viverá a personagem principal de nova adaptação de uma obra de Saramago para o cinema Saramago está na moda para as telas da sétima arte. É o que parece. A primeira adaptação de uma obra do escritor foi em 2002. A jangada de pedra à época recebeu a montagem de um cineasta alemão. Saramago não teria gostado do resultado final e, desde então, os diretores tiveram que amargurar um longo período de intriga do escritor para com as adaptações de seus textos. Até que em 2008, Fernando Meirelles consegue furar o cerco e adapta Ensaio sobre a cegueira . E Saramago gostou do que viu. Andou circulando até, na web , um vídeo dando conta das lágrimas do Prêmio Nobel de Literatura diante do trabalho final de Meirelles (ver o final desta postagem).  A maior flor do mundo , Embargo e... agora se anuncia, depois de O evangelho segundo Jesus Cristo* , mais uma adaptação: a de  O homem duplicado . O romance com ares de ficção científica - só ares porque não há nada nele

Por que ler os clássicos?

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Não, não vou aqui recuperar Itálo Calvino e nem outra leva de escritores (clássicos) que se dispuseram a nos levar pela mão à leitura dos clássicos. Nem vou também aqui me deter tanto (quanto devia) na questão. Vou, antes, depositar algumas notas que podem ser tomadas como seminais a um texto mais acurado sobre a questão, tão logo o tempo me permita. Tudo quanto vamos aprendendo na nossa vida passa por uma disciplina. Ler deve ser também uma disciplina. A princípio, obrigatória, para depois, enfim, tornar-se em algo corriqueiro. Necessidade. Somente quando sentirmo-nos insatisfeitos por no decorrer de um dia não termos lido uma página é que atingiremos o limite ideal da leitura. Mais ainda, somente quando não ficarmos satisfeitos com qualquer tipo de leitura é que atingiremos esse tal limite. E uma das formas que nos faz entrar nessa segunda possibilidade é quando lemos um clássico. Depois dele, tudo o que lermos depois corre o risco de ser insipiente àquilo que já lemos.

Caio Fernando Abreu na web

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Um dos escritores da literatura brasileira contemporânea que mais parecem levar consigo uma legião de fãs - leitores e inventores de leitor - Caio Fernando Abreu, agora tem disponível, pela passagem de seus 16 anos de morte, uma página oficial na web . Caio Fernando Abreu se popularizou como um dos maiores fenômenos da literatura pop no Brasil com livros como Morangos mofados (contos, 1982) e o romance levado para as telas do cinema Onde andará Dulce Veiga (1990). Interessado no material urbano, no caos do mundo moderno, na solidão das metrópoles e uma aproximação daquilo que à época era um tabu, a realidade da Aids, e, claro, imerso em temas de uma humanidade que tateia seu fim, a desesperança, o dispersamento dos grupos e a formação de nichos sociais à margem da sociedade, deram o tom de sua obra.  Mais conhecido como cronista, Caio também escreveu poemas, peças para o teatro, livros infantis. Ainda em abril de 2008, o Letras in.verso e re.verso fez um recorte de n

Rubem Fonseca, meus desencantos

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Por Pedro Fernandes  A primeira vez que li alguma coisa de Rubem Fonseca foi ainda na Graduação em Letras. Era o livro de contos Secreções, excreções e desatinos . Nada conseguiu me seduzir. A linguagem propositalmente coloca à serviço do escritor para o seu deleite com o que se torna fatalmente inverossímil. Uma radicalização, assim, na sua máxima potência. Disseram-se, já não vez, que essa minha porta foi a pior de se entrar na literatura do escritor mineiro. Talvez seja verdade. Não fui eu quem disse. Mas, talvez não. Sou humilde para pensar que, em matéria de arte, tudo se resume a certa imaturidade do leitor. Embora resida, ao que parece, no adolescente a força do encanto pelo que Rubem Fonseca escreve. Outra verdade é que entrar por um mau livro na vida literária de qualquer que seja o escritor pode ser uma faca de dois gumes: ou nos intrigamos e procuramos ver se outras ruindades literárias formam sua prática ou, no sentido oposto da intriga, abandonamos de vez porque de

Titanic em tempo real

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Ilustração reproduz o que pode ter se dado na noite do 14 para 15 de abril de 1912. Fonte: Revista Veja. A história é bem conhecida por todos: o "inafundável" Titanic naufragou em abril de 1912, na sua viagem inaugural, depois de embater contra um iceberg. Símbolo da ousadia humana, orgulho da engenharia náutica da época, o gigante de cerca de 269m de comprimento e 46 mil toneladas, obra que custou US$7,5mi de dólares, tudo, foi-se para o fundo do mar, depois de o transatlântico colidir com um iceberg, nas últimas horas do dia 14 de abril; levou consigo a vida de mais de 1.500 pessoas. No ano de centenário do ocorrido, em que se prepara uma versão em 3D para as grandes telas, inclusive, do filme épico de 1997, The History Press , uma editora especializada em acontecimentos históricos, criou uma conta no Twitter que descreve, em tempo real, a viagem do navio. Lá, não são descritas as diferentes peripécias e atrações do na

Ciclo de Palestras na FALA

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Com vistas a discutir importantes temas para a formação dos estudantes de Letras, um grupo de alunos do 8º período do curso de Letras, Língua Portuguesa, sob coordenação do Prof. Dr. Francisco Paulo, prepara um ciclo de palestras a se realizar nos turnos matutinos e noturnos nos dias 14, 15, 16 e 21 de Março. O ciclo recebe a participação de importantes nomes do curso de Letras que estarão pondo pauta a discussão de temas diversos, com foco na relação ensino, pesquisa e extensão, tripé da formação acadêmica. O espaço é importante para dinamização daquilo que é oferecido em sala de aula e a aproximação do curso com outros cursos e áreas afins dentro da própria instituição, tendo em vista que é o evento aberto à comunidade acadêmica em geral. A abertura do Ciclo se deu pela manhã desta quarta-feira, 14 de março, com a palestra proferida pela Profa. Ms. Ana Remígio Osterne. Nesse mesmo dia, a partir das 19h30min, ocorrerá outra importante palestra - "José Saramago: su

a soltura da alma

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retorcida entre teus braços esvaiu-se * Acesse  o e-book  Palavras de pedra e cal  e leia outros poemas de Pedro Fernandes.

Uma sombra de César Vallejo

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Por Pedro Fernandes 1.  A primeira vez que li sobre César Vallejo foi ainda na Graduação em Letras quando editor juntamente com um grupo de amigos do jornal  Trabuco . Recebemos de um aluno do curso de Letras/ Língua Espanhola para publicação a tradução de três ou quatro poemas do poeta peruano. Do bloco, vieram a lume "Piedra negra sobre una piedra blanca" e "Capitulación". Foi no segundo número. O material era impresso, mas depois de algum tempo, lançávamos na web  através de um blog e talvez você ainda possa encontrar esse material por aqui . Mais tarde, tive a grata surpresa de, no Mestrado, encontrar com uma pesquisadora que à época estava prestes a defender sua dissertação com leitura sobre a obra de César Vallejo. E foi a primeira vez que ouvi alguém do Peru lendo os versos do seu poeta maior, o poeta de Los heraldos negros , de Trilce  e de Poemas humanos .  César Vallejo nasceu em 1892, em Santiago de Chuco, região andina localizada ao norte do Peru. Est

Conferência sobre José Saramago

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  (clique para ampliar) Conforme noticia o cartaz, dia 14 de março, a partir das 19h30min no Auditório da Faculdade de Letras e Artes da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte , ministro a conferência José Saramago: subverter para reinventar . O evento faz parte de um ciclo de palestras promovido pelos alunos do curso de Letras - Língua Portuguesa do 8º período. Interessados devem procurar Clara Marques na sala do Grupo de Estudos do Discurso da UERN (GEDUERN) para fazer sua inscrição. As vagas são limitadas.

O primeiro Dickens no cinema

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Um dia depois de se iniciar oficialmente as comemorações pelo bicentenário de Charles Dickens, Bryony Dixon, arquivista do Instituto Britânico de Cinema (BFI) encontrou em seus arquivos a primeira adaptação fílmica de um obra do autor inglês. The death of poor Joe é uma curta-metragem mudo de um minuto de duração que narra o trágico final de A casa sombria . A película, fimalda em princípios de 1901, formava parte dos fundos do BFI desde 1954, mas na base de dados tinha título e ficha nomeados de forma errada: Man Meets Ragged Boy , 1902. Com a descoberta, o que se pensava ser as primeiras obras fílmicas a partir da obra de Dickens, Scrooge ou Marley's Ghost , realizadas em finais de 1901, não mais são tidas como verdadeiras. A seguir o microfilme. Boa sessão.

Outro homem do ano

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Por Pedro Fernandes Capa da 1ª edição do  Eu , de Augusto dos Anjos. Em 2012, a obra fecha um século de existência. Já falei por aqui que 2012 tem se afirmado como um ano de grandes escritores que merecem — em igual proporção — nossa lembrança. Quando digo isso, penso que merecem ser lidos e relidos. É o ano de Carlos Drummond de Andrade, de Jorge Amado e de... Augusto dos Anjos. A única obra publicada pelo poeta fecha neste ano um século desde a sua primeira edição. E a Paraíba, terra natal do poeta, vem desde 2006 promovendo eventos em torno do seu livro — único também para a poesia de língua portuguesa.  Naquele ano foi fundado o Memorial Augusto dos Anjos, instalado na casa restaurada de sua ama de leite Guilhermina, no Engenho Pau-d'Arco, em Sapé. A fundação da instituição foi fruto do projeto “Reconstituição do Universo de Augusto dos Anjos”. Um novo projeto — “Redescobrindo as Trilhas de Augusto dos Anjos” — possibilitou um ano depois a publicação de várias obras de cun

Dia da Poesia

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Othoniel Menezes. A celebração dos 117 anos do poeta é o ponto maior das celebrações pelo Dia da Poesia em Natal - RN. Foto: Portal Mineiro PT Já comentei aqui , o ponto alto do Dia da Poesia em Mossoró; divulgo agora as movimentações em Natal no próximo dia 14 de março de 2012: Momento 1 Uma homenagem aos 45 anos do Poema Processo com um bate-papo com alguns dos nomes que fizeram parte desse importante movimento literário, tais como Falves Silva, Anchieta Fernandes e Jota Medeiros, em conversa mediada por Dácio Galvão. Após a conversa, exposição de livros e obras do Poema Processo e coquetel de lançamento dos livros PROJETO 45, de Falves Silva, e AORIGEM DIÁGORA, de Jota Medeiros. O evento terá lugar no Auditório B do Centro de Ciências Humanas e Letras (CCHLA) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), a partir das 9h e é coordenado pela Professoa Cellina Muniz. Momento 2 Uma homenagem ao poeta Othoniel Menezes na passarela da Fortaleza d

Augusto dos Anjos

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Por Pedro Fernandes Vês! Ninguém assistiu ao formidável Enterro de tua última quimera. Somente a Ingratidão — esta pantera — Foi tua companheira inseparável! Tenho comigo certa convicção de que estes versos — íntimos, atentem ao adjetivo —  são, juntamente, com  “ No meio do caminho tinha uma pedra/ tinha uma pedra no meio do caminho ” , de Carlos Drummond de Andrade, estão entre os mais conhecidos da poesia brasileira e entre os leitores que ainda tenham um fio parco de memória literária.  São raros os poetas que ingressam assim na memória comum do seu povo. Os versos de Augusto dos Anjos assim o fizeram um poeta popular. A afirmativa talvez careça de ser explorada noutro momento que não este. Porque, para agora, o interesse é destacar alguns dados deste paraibano que produziu uma poesia desconforme em relação aos modelos dominantes no seu tempo, por uma linguagem que se apropria de um material vocabular inusual ao poema. Se o reconhecimento popular de Augusto dos Anjos veio